A área de Relações Públicas nos Estados Unidos é muito valorizada e dominada por profissionais de alta qualificação que atuam como assessores de comunicação entre outras atividades relacionadas. No Brasil, quem domina o mercado são jornalistas, que nem sempre têm formação acadêmica na área de assessoria. Isso não significa que jornalistas não são bons assessores de comunicação. Pelo contrário, é difícil encontrar um bom assessor que não tenha passado por redação de jornal. Faço esse comentário apenas para dizer que o mercado brasileiro é bem diferente do americano.
Um ano e meio depois de chegar a Washington, D.C. e tive a chance de participar do primeiro evento de Relações Públicas em maio de 2022, na Universidade de Georgetown, onde curso mestrado em Relações Públicas e Comunicação Corporativa. O 2022 IPR Bridge Conference é um evento anual organizado pelo Institute for Public Relations (IPR) e é bem prestigiado.
Como trabalhei por mais de 13 anos no Brasil como assessora de Comunicação, fiquei positivamente impressionada com a importância que se dá ao mercado de Relações Públicas na terra do Tio Sam. Washington, D. C. é a meca dos profissionais da área porque é a sede do governo americano e sedia centenas de organismos internacionais.
Tive a chance de aprender com os alguns dos que ocupam cargos de direção em órgãos do governo e de grandes corporações. O evento era exatamente para tentar diminuir o gap que existe entre academia e mercado. Missão cumprida.
Pude conhecer de perto a minha professora de Corporate Communications, matéria que cursei on line no segundo semestre de 2021. Sukhi Sahni é sênior Vice President and Head of Brand Communications na Wells Fargo & Co., um dos maiores bancos americanos. Ela e outros dois painelistas falaram sobre o Futuro do Trabalho. Híbrido, presencial ou virtual, pesquisas indicam que a flexibilidade hoje em dia é a chave para se ter mobilidade no mercado.
Tivemos palestras sobre reputação, Meta, inclusão, o papel dos funcionários na construção da imagem das corporações, engajamento de mídia, inteligência artificial, entre outros. E fiz networking, palavra-chave para quem quer fazer conexões no mundo corporativo.
Conheci Martin Waxman, Digital and Social Media Strategist, instructor do LinkedIn Learning e professor de Digital Marketing. E encontrei uma americana-brasileira muito bem colocada no mundo da Análise de Dados, Angela Dwyer, sênior Vice President of Measurement Sciences at Lippe Taylor, uma empresa de Marketing Digital e Relações Públicas com sede em New York. A mãe de Angela é brasileira e ela fala português perfeitamente.
Também ouvi revelações impactantes – e sinceras – de quem está no mercado e é recrutador: há um tipo de “preconceito” para o profissional que não passou por agências de Relações Públicas. Fiquei chocada, claro, com a sinceridade. Um colega que desempenha o trabalho há mais de 25 anos, que trabalhou para vários órgãos do governo e parlamentares, ficou 2 anos desempregado e só conseguiu emprego há seis meses. Isso porque os Estados Unidos vivem o pleno emprego, com o menor índice de desemprego dos últimos 40 anos: 3,6%. Mesmo com esse índice baixo, há muitos bons profissionais desempregados na área. Exigências do mercado? Os profissionais estão mais exigentes? Não dá para saber. O fato é que no período pós-pandemia muitos deixaram os empregos. Cunhou-se o termo “the great resignation” para explicar o movimento. As pessoas refletiram melhor sobre o tempo que despendiam trabalhando, muitas vezes para ganhar pouco, a qualidade de tempo com os familiares, etc. e resolveram deixar o trabalho. Isso seria impensável no Brasil, mas nos Estados Unidos acontece. Graças à Covid.
Saiba mais:
O Institute for Public Relations (IPR) é uma organização sem fins lucrativos com sede na Flórida que organiza e patrocina pesquisas sobre relações públicas. Tem suas origens no estabelecimento das Fundações para Pesquisa e Educação em Relações Públicas, um programa da Sociedade de Relações Públicas da América, em 1956. A sede fica no campus da Universidade da Flórida, em Gainesville (Florida)